Otimismo
Junho 2024

Redefinindo a visão do copo meio cheio ou meio vazio.

Tragédias, como a recente no Rio Grande do Sul, juntamente com o aumento das adversidades climáticas, econômicas e sociais, têm feito oscilar nosso sentimento de otimismo. A explosão de memes e figurinhas que expressam o desespero dos tempos atuais e a ansiedade pelo futuro também sugerem que sim. É preciso e possível encontrar otimismo em meio ao caos?

Por que isso nos chamou atenção?

O tradicional otimismo brasileiro tem se mostrado mais cauteloso. Uma thread do reddit questiona: tem alguém otimista no brasil? Um estudo da Ipsos aponta que, impulsionados pelo aumento no custo de vida, apenas 6% dos brasileiros consideram que atualmente vivem confortavelmente. E, quando perguntados se acreditam que o Brasil está no rumo certo ou errado, 57% da população brasileira afirma que o país vai mal.

O fato é que otimismo e pessimismo são métricas amplamente utilizadas em diversas manchetes. No setor econômico, temos índices de confiança do consumidor, dos empresários e negócios. Na área de tecnologia, a inovação é impulsionada por uma visão otimista ou pessimista do futuro. Já escrevemos sobre isso em uma bite com o tema protopia. Mas é interessante considerar o impacto de uma população mais morna em relação ao futuro. Antes, parecia mais real a sensação de que, o "país do futuro" estava sempre no horizonte, mesmo que nem sempre acontecesse nos dados, pelo menos acontecia no formato de torcida.

Este debate também ocorre em relação às gerações mais jovens, que enfrentam um crescente pessimismo — ou seria um otimismo reinventado? Elas tem lidado com uma sequência de desafios: pandemias, crises econômicas, ansiedade elevada, excesso de exposição a notícias negativas ("doomscrolling") e incertezas sobre o futuro do trabalho. Como resposta, muitos adotam o que se chama de "pessimismo otimista" — um enfoque nos aspectos controláveis da vida, que equilibra realismo e esperança, é "ser sensatamente pessimista como uma maneira maravilhosamente otimista de viver a vida".

O WGSN chama isso de otimismo radical, identificando-o como um dos sentimentos predominantes para consumidores em 2026. Na prática, espera-se uma atitude proativa e resiliente que vai além do otimismo convencional ou ingênuo. Esse otimismo envolve uma crença na capacidade de superar adversidades e criar um futuro melhor, mesmo diante de crises e experiências negativas. É o conhecido sorrir diante da incerteza, afinal, o pessimismo só é justificado quando não há mudanças. E se tem algo que nós temos, são mudanças.

"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso."

— Ariano Suassuna

E o design nisso tudo?

A saída seria projetar com otimismo? Durante a pandemia, falou-se muito sobre a necessidade de repensar como estávamos desenhando o mundo atual. Nós mesmos discutimos a ideia de que estávamos vivendo um erro de design. A beleza da nossa disciplina está no fato de que desenhar com mais otimismo pode significar muitas coisas: uma mentalidade, uma nova forma de olhar um espaço ou o impacto que geramos nas experiências.

As marcas têm sido chamadas a protagonizar mudanças positivas na vida das pessoas. A LG está apostando nisso com sua nova campanha global “Optimism Your Feed”. O objetivo é fazer com que os algoritmos priorizem conteúdos otimistas. Sim, eles criaram playlists de conteúdos para educar nosso feed e combater os efeitos negativos das recomendações automáticas.

Até a próxima tendência! 😉

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