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Protopia
Julho 2023

Você imagina o futuro como uma utopia ou uma distopia? Há quem aposte no caminho do meio.

O termo "Protopia", cunhado por Kevin Kelly em seu livro de 2010 intitulado "What Technology Wants", descreve uma sociedade que não está presa em uma utopia irrealizável ou em uma distopia catastrófica. Em vez disso, a sociedade tem evoluído de forma incremental ao longo do tempo, aproveitando os avanços tecnológicos para aprimorar o processo evolutivo natural.

Embora não tenha recebido muita atenção inicialmente, o conceito de Protopia é uma aposta interessante que vai contra a polarização. De acordo com seu autor, a palavra 'Protopia' deriva de várias raízes, incluindo 'pro' (que significa 'em andamento', 'progressão' ou 'inicial'), 'pró' (que pode ser interpretado como 'a favor de' ou 'a favor do sim') e 'profissional' (que reflete os aspectos positivos do progresso profissional no futuro).

Por que isso nos chamou atenção?

Ao longo deste ano, inovações tecnológicas de realidade aumentada e inteligência artificial chegaram nas discussões cotidianas. Nos inundamos de perguntas como: afinal, será que estamos preparados para o que está por vir? E será que o que está por vir é o que estão dizendo mesmo? Mesmo que a futurista Amy Webb diga que a internet como conhecemos está chegando ao fim, e o historiador Yuval Noah Harari alerte que talvez a gente não sobreviva a IA, há autores propondo que a gente foque em criar futuros que misturem o lado bom e ruim da força.

Kevin Kelly não é o único a vislumbrar o futuro nessa perspectiva. Como já mencionado em outra edição da Bite, em seu último livro, Henry Coutinho Mason e Rohit Bhargava, defendem que devemos atuar de forma "no-ish", priorizando menos o futurismo e mais as inovações atuais.

"O futuro, como foi idealizado, está abandonado, ignorado ou ridicularizado. O verdadeiro desafio não é prever o futuro, mas prever o que será normal."


Henry Coutinho Mason e Rohit Bhargava

(Tradução Livre)

O termo "Protopia" parece ser uma boa alternativa em meio à fadiga do futuro —termo que dá nome a um dos episódios do podcast da Consumoteca, onde eles refletem sobre como podemos sobreviver a quantidade de tendências que surgem hoje a ao tom emergencial de não apenas dominá-las, mas sempre ter que se antecipar a todas elas. 

"Neste mundo virtual, marketeiros podem fingir que os consumidores que ignoram a asua marca na vida real vão de alguma forma engajar na sua realidade virtual."

E o design nisso tudo?

É comum ouvir que o design oferece a possibilidade de conceber e concretizar futuros mais desejáveis para a humanidade. Ao mesmo tempo, também é possível nos questionarmos o quanto isso é discurso, o quanto é real, e como fazer isso. Que a disciplina evoluiu e muito nos últimos anos, não temos dúvida: nos tornamos uma ferramenta de mediação, chegando na estruturação e organização de negócios e instituições, conquistando até a mesa da governança.

Don Norman, em seu novo livro sobre o design para um mundo melhor, argumenta que estamos passando por uma disrupção no design. Isso significa que devemos participar ativamente de decisões que afetam questões como fome, desigualdade, sustentabilidade e etc. E para colocar essa teoria em prática, é preciso aprender sobre o mundo. Segundo Norman, os designers não são treinados para fazer isso, porque muitas vezes não têm conhecimento sobre economia, meio ambiente e práticas de negócios. O foco deve estar menos nos usuários e mais no impacto que a ação ou criação de um designer tem no mundo — um design centrado na humanidade.

Ao mesmo tempo, críticas ao livro nos mostram que ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de reconhecimento da amplitude e complexidade dessa humanidade para a qual precisamos desenhar. E isso não só envolve trazer com intenção — e atenção todos os envolvidos no sistema para entender as implicações do que está sendo criado, mas também entender quais os limites entre o necessário e o inegociável para cada grupo da sociedade. O ponto de vista precisa ser o de facilitar a criação de alternativas de justiça social e equilíbrio ambiental trabalhando com os conflitos e tensões e pontos de convergência de atores diversos.

"Absolutamente tudo, exceto o que vem da natureza, está sendo desenhado o tempo inteiro. O design nos fornece método, forma e direciona para a intenção com o qual está sendo construído. Ele nos ajuda a olhar para todo o ecossistema e refletir o que pode acontecer em cima disso ou não. E ainda: não adianta descolar o futuro do presente, tudo que a gente está fazendo agora influencia o que vem depois. E nem do passado, porque passado é legado e nos mostra o que precisamos conservar."


Mari Gutheil
(CEO da No One)

A protopia e o design se relacionam na medida em que ambos estão preocupados — e têm as ferramentas - para criar um futuro melhor e mais positivo.

O que você pode fazer hoje para um futuro de protopia?

Até a próxima! 🙂

Links dessa edição:

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