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IMAGEM: ALEXANDRE RAUPP

Reencontrar

Maio 2024

Quando tudo cai, os laços se revelam

Há mais de uma semana, os gaúchos sentem que suas vidas estão em suspenso, como se o tempo tivesse parado, embora o senso de urgência esteja mais alerta do que nunca. Em meio a tantas adversidades, destacamos a incrível força do voluntariado e a solidariedade que mobiliza todo o Brasil. Isso é uma das poucas coisas positivas que podemos extrair desta tragédia, além do poder dos contatos, das conexões e do reencontro com valores e atitudes que já residem dentro de nós.

Por que reencontrar?

Para começar, podemos pensar nos reencontros de familiares e pessoas que estiveram separadas devido aos esforços de resgate. Além disso, devido às dificuldades de acesso às estradas, muitas famílias ainda enfrentarão a demora para se reunirem novamente. No entanto, mesmo nesse cenário, a internet tem sido uma plataforma onde a potência desses momentos de reencontro, tanto entre humanos quanto entre tutores e seus animais de estimação, potencializam nossa esperança e reabastecem o sentimento de pertencimento.

Há também o reencontro com a própria cidade. Em alguns locais, a água ainda nem baixou, em outros, é difícil reconhecer o que era e o que ficou. Será preciso uma força comunitária para resgatar tais locais, histórias e narrativas, compreendendo o que queremos, conservar e o que podemos reimaginar para construir o futuro.

Houve ainda o reencontro do voluntariado, não apenas como uma função, mas como um sentimento adormecido e até mesmo descoberto por algumas pessoas. O exercício de olhar para o outro, de tentar sentir um pouco de suas dores, suas perdas. No meio do caos, as pessoas se descobriram especialistas em logística, na produção de alimentos em série, em resgates, e foram em busca de ajudar na mesma velocidade em que também se ajudavam.


Todos esses reencontros atuam em prol da esperança. A reconstrução do Rio Grande do Sul após as recentes enchentes pode ser um passo importante para uma remodelagem mais ampla em todo o Brasil, conforme a Fast Company E o reencontrar não é algo que precisa ser aprendido. Os atuais movimentos da sociedade, tem nos mostrado que o que pode nos levar a outro patamar já está dentro de nós; é o que nos faz humanos, é o que nos conecta aos outros, às cidades e ao mundo.


Pablo Servigne, especialista nos estudos sobre “colapsologia”, propõe que ao olharmos para o futuro devemos entrar em um caráter emocional de transição, que é a tomada de consciência e construção do "mundo depois, o mundo pós-colapso". É preciso colocar "os óculos da transição", ou seja:

“Reencontrar o liame com os outros, com a natureza, com nós-mesmos. É aceitar a interdependência de todos os erros. Quando uma civilização entra em colapso, as construções podem cair, resta os laços humanos”. 

Pablo Servigne

E se isso parecia muito poético, o movimento civil atuante no Rio Grande do Sul nos mostra que não é. A instabilidade é sistêmica, assim como a possibilidade de reconstrução de algo sólido, onde a história não se repita. Tudo isso é essencial para fortalecer o senso de comunidade compartilhado.

Seguimos

Para finalizar, queremos agradecer a todos os voluntários que estão dedicados nas mais diferentes frentes de atuação. A situação no RS está longe de terminar, é preciso continuar ajudando e, por isso, trazemos abaixo dados de instituições que confiamos e estão atuando fortemente no contato de todos que precisam de suporte, abrigo. Em momentos de crise, cada gesto de solidariedade faz a diferença.


Ah, e seria muito legal ouvir se vocês reencontraram algo em meio a todo este caos que estamos vivendo. Por favor, respondam este e-mail com comentários.


Lista de locais para continuar a contribuir ❤️

  • Abrigo para mulheres e crianças: PIX 54.405.088/0001-50
  • Causa animal: deisefalci@gmail.com
  • Locais de doação física: O designforhuman criou o doandobrasil.com que reúne locais de doação por todo Brasil

Obrigada e até a próxima 🙂

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