Vamos começar definindo o "ordinário" como algo "conforme ao costume, à ordem normal; comum". Esta ideia surgiu quando nos deparamos com o conceito de "quiet ambition", que sugere que, para a geração Z, alcançar cargos de liderança não é uma prioridade. Em vez disso, eles valorizam o equilíbrio entre vida pessoal, profissional e saúde mental, reconhecendo que "o estresse adicional não compensa a ascensão". O objetivo aqui não é continuar rotulando essa geração como preguiçosa, mas sim refletir sobre o desejo talvez de ter uma rotina mais ordinária, valorizando as pequenas coisas de um dia comum.
Por que isso nos chamou atenção?
Não é somente no trabalho que isso tem aparecido, agora também estão em alta os hobbies de baixa manutenção. Na cultura da alta performance, os hobbies estavam sendo levados com seriedade. Se alguém gosta de jardinagem, não é suficiente cuidar do jardim nos finais de semana; agora, é esperado que faça cursos, construa um perfil nas redes sociais sobre o assunto, ensine outras pessoas e quem sabe comece a vender, vai que vira um negócio? A nova tendência questiona: e se nos sentíssemos livres para abraçar hobbies despretensiosos, sem a necessidade de nos tornarmos referências em tudo o que fazemos?
E palavra da moda boa, é aquela que transcende os mercado, o conceito de "inatividade" tem aparecido até mesmo na moda. A marca Tombolo, se denomina como uma "inactivewear for leisurely escapes", ou seja, "moda para não fazer nada, para fugas prazerosas". Ela se soma a movimentos que já estavam entre nós como "roupas confortáveis", mas dá um passinho além, pois a ideia da marca é transportar os consumidores para um tempo, lugar ou estado de espírito diferentes. Por isso, as roupas relembram o "estilo vovô", que está naquela fase da vida de desapego e relax total.
E o design nisso tudo?
Já faz um tempo que a gente vem flertando com o ordinário, desde os movimentos como o minimalismo, escapismo ou com a busca frenética por locais que nos tragam um mínimo de paz e silêncio. É difícil aceitarmos que o nosso consumidor possa querer algo ordinário de nós, mas talvez esta seja uma palavra importante, em meio ao caos, para organizarmos nossas estratégicas e focar em promover produtos e serviços com excelência e criarmos conexões genuínas e humanas.
Em pesquisa recente, a Deloitte comparou como as empresas estavam percebendo seus serviços de ecommerce versus como os consumidores vêem as mesmas coisas, e relatou que, mesmo no básico, ainda não se oferece o que os clientes gostariam de ter como experiência.
"Porcentagem de marcas que avaliam suas habilidades como boas ou excelentes, comparadas com a porcentagem de consumidores nos tópicos (da esquerda para à direita: clareza na disponibilidade de estoque; troca e devolução fáceis; atualizações proativas no status de entrega; ferramenta de busca acurada;)."
Adrienne So, jornalista da Wired, desenvolveu uma analogia excelente sobre o porque o aplicativo notas do iPhone é um bom reflexo do nosso caos existencial. Apesar de sua simplicidade, e diferente de outros apps profissionais de anotações, o app nude com linhas suaves, e poucos botões, nos permite colocar o que vem na nossa cabeça, seja um lista de compras, pensamentos aleatórios, armazenamento de dados. Isso significa, "um espaço para a expressão genuína sem pressão de performance". E mais, segundo ela podemos aprender com ele (sim, o app de anotações) a deixar "este legado imperfeito e humano, valorizando a autenticidade e a integridade em meio às complexidades da vida moderna".
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