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Intenção
Dezembro 2023

A impossibilidade da decisão e a paralisia de ação são sentimentos comuns frente a incerteza. Como resultado, perdemos a noção da intenção do que estamos fazendo.

O ano que passou (sim, essa é a nossa última bite de 2023!) trouxe consigo permacrises de tipos diversos: climáticas, econômicas, sociais, enfim. O sabor da preocupação é você que escolhe. Na vida pessoal e profissional das pessoas com as quais falamos todos os dias, percebemos um cinismo. Afinal, os limites da moralidade estão finos, o peso das ações cotidianas não é suficiente pra mover grandes estruturas e seguir em frente é a única opção.

Por que isso nos chamou atenção?

Depois de anos falando de propósito e tendo suas ações colocadas sob microscópios, as empresas também sentem — de forma coletiva na força de trabalho e simbólica na marca — esse cinismo. A Bits to Brands tem uma edição muito legal questionando o propósito.

Segundo o CEO da Unilever, "Quando bem pensado e executado com credibilidade, o propósito das marcas pode sim ser altamente efetivo. Pensando por exemplo em Dove e Lifebuoy, isso é verdadeiro. Mas não vamos mais forçar a criação de propósitos para todas as marcas do portfolio. Para algumas marcas isso apenas não é relevante, e tudo bem."

Mas será que não ter um propósito de existência definido nos impede de agir com intenção? As intenções das empresas de ter um produto de qualidade, sustentável para o negócio e para o planeta e de permanecer relevante na vida das pessoas estão sendo percebidas de maneira difusa pelas pessoas. Será que as companhias estão agindo de forma difusa?

“A tempestade não é o desafio mais perigoso do mar, mas sim a desatenção. Se você está desatento, você pode estar perdido e sequer saber que está perdido” 

Beto Pandiani, velejador

Em report da Accenture, encontramos um questionamento importante: enquanto as empresas veem movimentos de constrição para garantir sua sobrevivência, as pessoas vêem ganância. Neste mesmo report, o termo "shrink inflation" é utilizado para descrever o aumento no preço e pior percepção de valor. Isso somado à busca em se afirmar em cima de um propósito sem de fato executá-lo, ou por esse propósito não ser percebido como necessário, cresce a desconfiança das pessoas.

Para o New York Times, que capitaneou a estratégia de sobrevivência dos canais jornalísticos como conhecemos hoje, o valor — ou propósito — está "em investir na qualidade do seu serviço mais core: o jornalismo, enquanto adiciona novos serviços e features (de dicas fitness personalizadas e bots de notícia interativos a filmes em realidade aumentada), fazendo com que uma assinatura torne-se indispensável para a vida de quem já está dentro e ainda mais atrativa para quem está fora." [Trecho retirado da Wired].

Imagem: The New Yorker

E o design nisso tudo?

Na última Co-Lab, conferência da Dscout sobre pesquisa em UX, a painelista Julie Norvaisas trouxe um questionamento originário das ciências sociais, mas que super cabe ao nosso trabalho como designers, empreendedores e colaboradores de empresas de todos os tamanhos: Em um mundo com tanto barulho mas tão pouca coisa de valor para dizer, como podemos voltar para a intenção?

Dessa vez, o inglês aplica um truque: originalmente, a frase é return to meaning. Intenção, significado e propósito se balançam na definição dessa palavra. Entendemos que todas nos ajudam a entender para quê estamos dedicando nossa atenção todos os dias.

Para os serviços de previsão do tempo, por exemplo, a pressão e expectativa é cada vez maior: "Porque pedalar duas horas contra o vento quando no outro dia isso pode levar 30 minutos?" Enquanto isso, uma empresa juntou forças com uma companhia aérea para instalar monitores em aviões e também com institutos em áreas de montanha e praia para dividirem os dados das suas regiões, podendo prever condições de forma muito mais precisa.

Segundo a Fast Company, tomadores de decisão têm alguns comportamentos em comum em tempos de incerteza: narrativas passadas (apoiar-se em históricos para decisões futuras sem considerar as inúmeras mudanças contextuais); batalhas por pequenas vitórias (um microgerenciamento e atenção dedicada à iniciativas de baixo impacto, mas com alto índice de sucesso); e negação das emoções (não reconhecer ou relevar uma situação de alto estresse e reagir/decidir sem antes se regular emocionalmente).

O quanto de nós mesmos estamos trabalhando com objetivo de fazer a vida das pessoas intencionalmente mais fáceis? Atenção, isso não quer dizer ser aprovado pelo usuário, mas trabalhar com curiosidade e criatividade para elaborar soluções. Soluções que considerem a complexidade do sistema e aliem o impacto da redução tempo ou menor carga cognitiva do humano à sustentabilidade financeira e sócio-ambiental dessa solução no curto, médio e longo prazo.

Nos desafiamos a revisar nossas intenções para 2024, vem com a gente?

Até a próxima 🙂

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