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Solidão
Novembro 2023

Nunca estivemos tão conectados, inclusive em tempo real, mas o sentimento mais pulsante dos tempos atuais tem sido a solidão. 

Em uma rápida passagem pelo feed, não é incomum ver a solidão relacionada a uma variedade de tópicos: ao trabalho, maternidade, lazer, ao ghosting de amizade e até associada a uma nova epidemia. A Geração Z, inclusive, já está sendo rotulada como a 'Geração Solitária', mas com certeza não está sozinha nessa. 

Uma ilustração interessante desse fenômeno é o estudo "24h em uma pandemia silenciosa", produzido pela publicação The Pudding. O autor acompanhou remotamente o dia de vários norte-americanos e, ao cruzar os dados, entendeu que todos tinham uma coisa incomum: a solidão. E isso é uma realidade mundial, reconhecida pela OMS, que recentemente criou a Comissão Internacional de Conexão Social. 

Aqui no Brasil, recortes específicos como a solidão da mulher negra chamam a atenção: "Uma pesquisa, publicada na revista ABPN, analisou os dados de 62 mulheres negras de até 58 anos de idade. No final do estudo, 47% dessas mulheres afirmaram se sentir solitárias sempre ou às vezes (34% sempre e 13% às vezes). Segundo as voluntárias, levando em consideração suas experiências amorosas, homens negros preferem se relacionar com mulheres brancas." Além disso, a solidão de mulheres negras também está presente ao ocupar espaços predominantemente brancos, principalmente cargos de liderança no mercado de trabalho.

Por que isso nos chamou atenção?

Por que a busca por companhia está prestes a invadir o mundo dos negócios. Recentemente, usuários do aplicativo Replika afirmaram que tiveram seus corações partidos por uma inteligência artificial. Sim! Os chatbots do amor ou relacionamentos com chatbots já são realidade e os fóruns de debates como Reddit e no Discord estão cheios de histórias de usuários que se tornaram emocionalmente dependentes de seus crushes digitais.

A Replika é uma plataforma que usa IA para criar um amigo virtual personalizado para o usuário. Você pode conversar com sua companhia digital sobre questões do seu dia, sobre o que você está sentido, e etc. Como eles mesmos afirmam, somos "o companheiro que se importa. sempre disponível para ouvir e conversar. sempre ao seu lado".

No entanto, em uma atualização recente, a personalidade dos amigos virtuais sofreram alterações que causaram uma comoção entre seus usuários, que imediatamente se sentiram abandonados por seus amantes digitais. Lembra quando a gente achava que o filme Her era muito distópico?

“Essas coisas não pensam, sentem ou têm necessidades da mesma forma que os humanos. Mas eles fornecem uma réplica misteriosa o suficiente para que as pessoas sejam convencidas. E é isso que o torna tão perigoso a esse respeito”.

David Auerbach

Loneliness in an A.I.-Driven World | Rachels Don't Run | The New Yorker Screening Room

No curta Rachels don't run (acima), vemos uma ilustração de um dilema parecido com esse. Recomendamos tirar 15 minutinhos do seu dia! 

Voltando a Geração Z, os videogames representam, para eles, uma espécie de "cura" para a solidão, servindo como um espaço social seguro. Plataformas como o Twitch funcionam como canais de conexão e fortalecimento de comunidades online, baseadas em interesses mútuos. Dados da Bloomberg revelam que 84% dos entrevistados acreditam que os videogames os auxiliam a estabelecer laços com pessoas de mentalidade semelhante, criando espaços - ainda que virtuais - que proporcionam um sentimento genuíno de pertencimento e amizade.

E o design nisso tudo?

A solidão pode parecer algo individualizado, atrelada somente ao bem-estar físico e mental de cada um, mas ao mesmo tempo, não fomos nós que projetamos um mundo com cada vez menos contato humano? Tudo em prol da conveniência.

Durante os últimos anos, quando entrava um novo projeto, a gente tinha muito cuidado ao se aproximar das pessoas para entrevistá-las ou entrar em suas vidas porque sabíamos que o momento era delicado e todo mundo estava mais sensível. Talvez, esse seja um cuidado que a gente não deva perder, de sempre parar para pensar no humano por trás de casa usuário. Parece clichê para uma disciplina centrada nas pessoas, mas será que é?

A gente escuta muito que as marcas precisam conhecer e ter clareza dos seus valores, para, assim, se conectar e co-criar experiências que sejam autênticas e significativas, e isso talvez passe pelo entendimento de como ser companhia na era da solidão. Ou ainda, como fortalecer o senso de coletividade e lembrar as pessoas desse asset tão poderoso que é a conexão.

Como você está se sentindo hoje?

Até a próxima 🙂

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