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Despandemizar
Agosto 2023

Mesmo que a vida esteja de volta aos trilhos, sobram resquícios  pandêmicos em interações cotidianas. 

Voltamos a confraternizar e a estar perto novamente, mas em muitos momentos ainda nos sentirmos "enferrujados". Bateria social virou conceito oficial e tem sido avaliada constantemente. Isso tudo, impacta em conflitos nas experiências que misturam o on e o off, como por exemplo onde, quando e como trabalhar.

Por que isso nos chamou atenção?

Já são três anos de trabalho remoto ou híbrido e ainda é possível encontrar intensos debates sobre o assunto. O novo estudo da FGV resume bem o atual dilema ao afirmar que "o trabalho remoto está morto, vida longa ao trabalho híbrido". E mostra que a adoção do modelo home office no Brasil, de forma parcial ou total, incluindo os que já adotavam essa modalidade antes da pandemia diminuiu de 57,5% para 32,7%, em outubro de 2022. Mesmo apontando um possível crescimento do modelo remoto e híbrido, os dados evidenciam como este tema ainda está na corda bamba. 

Em abril deste ano o CEO do JPMorgan decretou o fim do trabalho remoto e híbrido para todos os profissionais de níveis gerenciais, segundo ele, é uma área que exige o encontro, a espontaneidade de dar feedbacks para suas equipes e que o presencial impulsiona a criatividade. Em contrapartida, eles prometem investir em uma nova sede que terá salas de ioga, ciclismo, espaços de meditação e uma abundância de áreas livres e repertório de última geração. Este é apenas um dos exemplos que tem aparecido, o cabo de guerra entre empresas e funcionários, sobre este tema, é real. Nem o Zoom escapou da volta (em alguns dias da semana) para o escritório.

O distanciamento social, no ápice da pandemia, nos protegeu e com isso nos expôs ao óbvio, é impossível viver isolado. Uma conexão digital não dá conta, sozinha, da construção de cultura, um processo complexo demais para ser sintetizado em pílulas de videochamadas de 30 minutos. Despandemizar não é uma defesa obtusa da volta a modelos passados, afinal, aprendemos algo, aliás muito. Despandemizar é reestabelecer o contato imersivo das experiências humanas de troca em todas as dimensões de afetos: cultural, econômica, social e política. Sem isso entendo que a vida fica menor. 


Fábio Pellim

Diretor Geral de Negócio da Oliver America Latina

E o design nisso tudo?

Despandemizar não é somente sobre trabalho, mas onde culturalmente tem se destacado mais. O Observatório de Saúde Mental e Direitos Humanos de Córboba, levantou essa expressão para provocar a história e o imaginário coletivo para que, juntos, a gente miniminize nossos traumas pandêmicos. Eles afirmam que é um convite a não ficar negando o que vivemos ou sentimos. A própria FGV traz uma boa reflexão sobre os dados remotos no Brasil:

O problema não é o problema, é a maneira como pensamos o problema (...) Os arranjos de trabalho modernos desafiam as noções existentes sobre onde o trabalho ocorre, como é feito, quem o faz e até mesmo o que é trabalho.  

Quando olhamos para as empresas retornando com toda a força ao que eram e enfrentando uma briga com funcionários que não querem mais viver como antes, vemos que é preciso redesenhar este novo momento. Entendendo o que queremos conservar e do que podemos abrir mão. Se você não entende ativamente o que você está tirando de bom do físico, do híbrido ou do remoto, é mais fácil desejar voltar para onde era mais confortável.

Muitos fluxos (tanto físicos quanto digitais ou híbridos) foram alterados durante a pandemia, e ainda estamos escolhendo de que lado queremos ficar. O design pode ajudar nesse mapeando de onde não temos mais impeditivos para o presencial, para o toque, para a experimentação, e em que momento as pessoas precisam ter uma noção melhor de recompensa para o deslocamento. É uma oportunidade de olharmos para antigos e velhos hábitos, ainda estamos em tempo.

Até a próxima! Obrigada 🙂

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